Dengue e Deficiência de G6PD: quando tratar a febre se torna um desafio

A deficiência de G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) é uma condição genética em que há redução de uma enzima essencial para proteger e renovar as hemácias — as células vermelhas do sangue.

Quando há essa deficiência, a exposição a determinados medicamentos, corantes, alimentos ou até mesmo infecções pode causar hemólise, ou seja, a destruição dessas hemácias.
Os sinais podem incluir palidez, icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura, fadiga, dor abdominal, aumento do baço e anemia.

O diagnóstico nem sempre é simples: quando há suspeita, alteração no teste do pezinho ou sinais compatíveis, o ideal é investigar com exames específicos.

Entre os medicamentos restritos em quem tem G6PD, estão paracetamol e dipirona, que podem — em alguns casos — desencadear hemólise.
Por isso, o ibuprofeno costuma ser o antitérmico e analgésico de escolha nesses pacientes.

Mas aí vem o dilema: estamos entrando na temporada de dengue, e em casos suspeitos da infecção não podemos usar anti-inflamatórios, como o ibuprofeno.
Esses medicamentos aumentam o risco de formas hemorrágicas da doença, uma complicação grave.

E agora?
Nessas situações, é preciso avaliar com cautela, confirmar o diagnóstico de dengue sempre que possível e, se necessário, abrir exceção para o uso de outros medicamentos, mesmo que estejam na lista de restritos — desde que isso seja feito com acompanhamento médico, avaliação do risco-benefício e monitoramento de sinais de hemólise.

Muitos pacientes com deficiência de G6PD nunca apresentaram hemólise ou tiveram episódios leves, o que permite um manejo mais flexível, sempre com orientação do pediatra e do hematologista.

⚠️ Nenhuma decisão sobre troca ou suspensão de medicamentos deve ser feita sem avaliação médica.
Cada caso é único — e o cuidado precisa ser individualizado.

Com carinho,
Dra. Renata Semann – Pediatra
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